Inseminação caseira e o risco à saúde

O sonho de conseguir ter um filho é um sentimento que nutre o ser humano. É algo natural da nossa espécie. Porém, nenhuma atitude que possa colocar em risco a vida da mulher que irá gestar e do bebê deve ser feita. Uma prática que, infelizmente, está crescendo no país é a inseminação caseira. O método consiste na implantação do sêmen na mulher com o uso de uma seringa. Tal atitude, além de trazer inúmeros riscos de contaminação, é um ato grosseiro. Não existe nenhum embasamento científico que ampare essa conduta. 

A inseminação caseira é a banalização de um processo. É o resultado da falta de políticas públicas que prestem assistência digna para os casais que têm problemas de fertilidade. Apesar da dificuldade de gerar um filho ser reconhecida como um problema de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o nosso país (e os planos de saúde estão nesse pacote) se negam a enxergar esse cenário. 

O método de inseminação caseira está rodeado de questões que devem ser analisadas com muito cuidado. Com as redes sociais, há relatos em matérias de grandes veículos de mulheres que anunciam a procura de algum doador de espermatozóide como se fosse um remédio que você compra na farmácia da esquina. Qual a segurança do ponto de vista clínico que essa tentante pode ter? Que garantia ela terá de que o sêmen que ela está recebendo é saudável? É algo muito sério. Essa mulher pode colocar a sua vida em risco e ficar vulnerável a adquirir alguma doença infectocontagiosa. 

Quando um casal de duas mulheres decide que a gestação será por inseminação caseira cria-se um imbróglio com os cartórios, pois uma regra do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determina a apresentação de um laudo de uma clínica de fertilização para que a criança seja registrada com o nome das duas mães. O processo de inseminação é um ato médico. Nas clínicas de fertilização existe um rigoroso processo de investigação, que analisa a qualidade e a saúde do sêmen, a fim de garantir total segurança para a saúde do binômio mãe-filho. É preciso uma conscientização da sociedade quanto a isso, ou continuaremos vendo casos que vulgarizam a concepção da vida humana. 

Texto escrito pelo Dr. Daniel Diógenes. Especialista em Medicina Reprodutiva.
Sócio-Diretor da Clínica Fertibaby Ceará.

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