Casos de sífilis aumentaram no pós-pandemia; médico alerta sobre uso de preservativos

Os casos de sífilis no Brasil tiveram um aumento no período pós-pandemia, de acordo com informações do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. O documento compilou as notificações da doença no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) até 30 de junho de 2022. Em 2021, foram registrados 167.523 casos de sífilis adquirida, transmitida sexualmente. Já em 2022, mais de 79 mil novos casos foram notificados apenas no primeiro semestre do ano.Daniel Diógenes, ginecologista e especialista em medicina reprodutiva, acredita que o aumento das notificações esteja relacionado com desleixo de jovens em relação ao uso de preservativos durante relações sexuais. “Usava-se camisinha nos anos 80 para evitar o HIV, que hoje não mata mais como nas épocas anteriores. Então, a juventude não tem mais medo do HIV e começa a deixar de usar o preservativo”, afirmou o médico em entrevista à Rádio O POVO CBN, nesta terça-feira, 22.

“A cabeça do jovem mudou. Então, essa liberdade que existe hoje, na geração dos anos 80 [não existia]. Elas tinham esse medo. Hoje nós não temos esse medo”, acrescenta.O boletim epidemiológico também aponta o aumento das notificações de sífilis congênita. Mais de 12 mil casos foram registrados no primeiro semestre de 2022. A transmissão desse tipo ocorre da mãe para o bebê durante a gestação. “Ela vai acontecer quando você não tem acesso ao pré-natal e exames que começam no postinho de saúde. Lá no bairro da sua cidade, com o médico do seu plano”.O recomendado é que as gestantes sejam acompanhadas durante todo o processo de gravidez, além da realização de testagens e do pré-natal. “Você precisa ter o acesso”, indica o especialista.

Como se prevenir da Sífilis?
A orientação do ginecologista Daniel Diógenes é simples: “Use preservativo. É o primeiro meio para você ter essa prevenção. Não é só o medo de engravidar que deve fazer você [usar] o preservativo”.“Tem que valorizar o uso do preservativo. Necessitamos de campanhas como tínhamos nos anos 80 sobre o uso de preservativo. A gente vê muito menos isso na mídia. Não temos mais essa preocupação como anteriormente”, completa.

Quais são os sintomas da Sífilis?
Os sintomas da sífilis variam de acordo com cada estágio da doença.
Na fase primária, ocorre o surgimento de feridas no pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca ou outros locais da pele, entre 10 e 90 dias após o contágio. A ferida não causa dor, coceira, ardência ou aparecimento de pus.

A ferida desaparece sozinha, independentemente de tratamento, o que pode trazer uma falsa sensação de cura. “A sífilis é uma doença que demora a te dar um sintoma. É uma doença silenciosa”, afirma Daniel Diógenes. Na sífilis secundária, os sinais aparecem entre seis semanas e seis meses após a ferida inicial. Podem surgir manchas no corpo. Também é possível a ocorrência de febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo. As manchas desaparecem em algumas semanas, independentemente de tratamento.Já a sífilis terciária pode surgir entre um e 40 anos após o início da infecção e costuma apresentar lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas.

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