Gestantes e o dilema da volta ao trabalho presencial

O retorno das gestantes e das puérperas – mulheres que deram à luz a até 45 dias –  ao trabalho presencial deve ser analisado com cuidado. E o motivo desse alerta tem explicação. Apenas 26% das gestantes receberam a segunda dose da vacina contra a Covid-19, de acordo com a Rede Nacional de Dados em Saúde, do Ministério da Saúde. Ou seja, estamos falando de 74% de mulheres grávidas que não tomaram nenhuma dose de vacina. Por que esse número de gestantes vacinadas está tão baixo? Acredito que temos duas explicações para esse fato.

A primeira delas é que existe uma baixa procura das gestantes pela vacina. A segunda explicação tem relação direta com a primeira. Diz respeito aos mitos em torno da vacina para as gestantes. A quantidade de fake news que é propagada dizendo que o imunizante traz danos para a saúde da mulher, afetando desde a parte ginecológica, como a sua fertilidade, é imensa. É preciso combatermos esse mal urgentemente.

Estudos em diversos países do mundo mostraram a eficácia e a segurança da vacina. Portanto, não há nenhum motivo para as grávidas e puérperas terem receio de se vacinar. Para que essas mulheres possam voltar ao trabalho de forma segura, o complemento do ciclo vacinal é fundamental. Não custa nada relembrar que a gestação por si só traz uma condição de risco para a mulher, e aliada a isso temos ainda uma pandemia, ou seja, essa atenção deve ser redobrada.

A Covid-19 aumenta expressivamente a chance de uma gestante ter complicações caso pegue a doença, sobretudo nos três meses iniciais e nos três meses finais da gravidez. Temos ainda o risco do bebê nascer prematuro, o que pode levar um recém-nascido a ter problemas respiratórios e precisar de cuidados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Estamos vendo na imprensa milhares de novos casos da enfermidade na Europa e na Ásia. A variante deltacron, que é a mutação da variante Delta com a Ômicron, já foi detectada no Brasil. É preciso prudência por parte de empregadores, gestantes e puérperas para esse retorno ao trabalho in loco. Uma coisa é certa: os cuidados para conter a doença ainda precisam continuar, e o principal deles é tomar a vacina.

Texto escrito pelo Dr. Daniel Diógenes. Especialista em Medicina Reprodutiva.
Sócio-Diretor da Clínica Fertibaby Ceará.

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