Embriões sintéticos: avanço e ética

Pesquisadores do Instituto Weizmann, de Israel, anunciaram recentemente ter criado pela primeira vez embriões sintéticos sem espermatozóides, óvulos ou por meio de fertilização. O experimento foi publicado na revista científica Cell. O estudo foi feito com camundongos e teve resultados surpreendentes para os cientistas. O assunto por si só é bastante polêmico, tanto pelo lado religioso, como pela questão social e pelo limite ético da ciência.

A criação de embriões humanos artificiais em laboratório é algo que mais cedo ou mais tarde vai acontecer. A grande questão é entender quais as mudanças que essa evolução da ciência pode trazer para a humanidade. Os embriões sintéticos humanos serão formados a partir de células-tronco retiradas do sangue. Essa nova técnica pode gerar um abismo social sem precedentes nos tratamentos de reprodução humana. Um procedimento como esse só seria acessível para pessoas de alto poder aquisitivo, deixando uma outra parte da sociedade à margem desse tratamento.

Ainda não sabemos como o avanço para criação de embriões sintéticos se concretizará. Um grande receio é que com a utilização das células-tronco seja possível criar um embrião superior ao seu DNA original. Ou seja, abrirá uma alternativa para que se tenha a opção de gerar um embrião com mais inteligência, com mais desenvolvimento cognitivo, como se fosse um clone superior ao seu gene original. Com isso, qualquer um que puder pagar terá como escolher um embrião “perfeito”. Penso que a sociedade não está preparada para passar a conviver com essa mudança tão brusca que a ciência proporcionará.

Estudos que tragam benefícios para a humanidade são totalmente bem vindos, como por exemplo, as pesquisas com células-tronco que buscam alcançar a cura do câncer, do HIV e de outras doenças que ainda não têm cura. Entretanto, é preciso muito cuidado para que no futuro não criemos seres humanos artificiais. Sem dúvida, a evolução da ciência e da medicina é algo que temos que comemorar, mas é preciso sempre que o bom senso e a ética estejam em total sintonia.

Texto escrito pelo Dr. Daniel Diógenes. Especialistas em Medicina Reprodutiva.
Sócio-Diretor da Clínica Fertibaby Ceará.

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