Infertilidade: uma conta para dois

Quando falamos sobre infertilidade, na maioria dos casos, o primeiro pensamento de muitos recai sobre a mulher e alguma disfunção no corpo dela. Tal pensamento se converte em comportamento quando, no dia a dia em nossos consultórios, nós que somos especialistas em medicina reprodutiva, vemos uma preocupação maior da mulher, como se a responsabilidade da reprodução só a ela coubesse.

É preciso entender que no processo de fertilização para casais formados por um homem e uma mulher, a responsabilidade sempre será compartilhada igualmente. E que em 33,3% dos casos de infertilidade, a disfunção é masculina. Os outros 33,3% estão relacionados à mulher. A terceira parte dessa equação é dos dois.

Aqui devo reforçar que, segundo a Organização Mundial de Saúde, um casal só pode ser considerado infértil se, depois de 12 meses sem uso de contraceptivos e mantendo uma constância nas tentativas para engravidar, ainda assim não o conseguem. O fato é que muitos acabam se levando pela ânsia de formar a família, cedendo a pressões de familiares e amigos, comparando-se a outros casais, e isso vai mexendo com a confiança tanto do homem como da mulher.

As chances de um casal engravidar é de 20% a cada mês no período de um ano de tentativas. E quando não conseguem, nem sempre é uma disfunção do corpo, mas uma questão de orientação.

O que é preciso quebrar de tabu é que o homem não é menos homem, não perde sua masculinidade caso tenha algum problema de fertilidade. O sexo masculino não pode se deixar ser tão frágil assim, ou pressionado pela sociedade. O mesmo vale para as mulheres. Gerar uma nova vida não é tão fácil como filmes e novelas fazem parecer, mas também não precisa ser difícil. Basta apenas caminharem juntos, e assumirem as suas responsabilidades.

Texto escrito pela Dra. Lilian Serio. Especialista em Medicina Reprodutiva. Sócia-Diretora da Clínica Fertibaby Ceará.

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