Conscientização da infertilidade

O mês de junho é dedicado à conscientização mundial da infertilidade, um problema de saúde pública que vem crescendo nas últimas décadas. No estudo mais recente divulgado em abril pela Organização Mundial da Saúde (OMS), constatou-se que 17,5% da população mundial tem ou desenvolverá problemas de infertilidade. A pesquisa revelou que uma em cada seis pessoas convive com o problema ou poderá sofrer com essa condição.

A infertilidade é caracterizada pela dificuldade que um casal enfrenta ao tentar conceber um filho. Se após um ano de tentativas de engravidar sem o uso de nenhum método contraceptivo o casal não obtiver sucesso, é necessário investigar o que pode estar dificultando a gestação. Existem vários fatores que podem contribuir para essa dificuldade, e é importante destacar que homens e mulheres sofrem igualmente com essa disfunção. Há alguns anos, quando um casal enfrentava essa dificuldade, a mulher era frequentemente apontada como a principal “culpada” por não conseguir engravidar. Isso era um grande equívoco causado pela falta de conhecimento.

Os hábitos de vida modernos que as pessoas adotam hoje têm um impacto direto quando se trata de tentar ter um filho. O consumo de alimentos ultraprocessados ricos em açúcar, o consumo de álcool, o uso de cigarro e o sedentarismo podem desencadear várias complicações para os futuros pais. Não há segredos. As pessoas precisam cuidar melhor da sua saúde, e isso é ainda mais importante para aquelas que estão em idade reprodutiva. Exames de rotina e acompanhamento médico são fundamentais para preservar nosso bem-estar.

Além de todos esses fatores, a infertilidade também afeta a saúde emocional, pois pode gerar sentimentos de “culpa” ou “incapacidade” por não conseguir conceber um filho. Muitos casais que passam por algum tratamento escondem essa situação de familiares e amigos devido ao possível preconceito. Essa situação pode ocorrer com qualquer pessoa em idade reprodutiva, mas felizmente a medicina reprodutiva oferece atualmente várias opções para solucionar o problema e aumentar as chances de formar uma família. Devemos julgar menos e mostrar mais empatia pelo próximo.

Lilian Serio é médica ginecologista e especialista em medicina reprodutiva.

Compartilhe: