A tireóide (termo derivado da palavra grega “escudo”, devido ao seu formato) é uma das maiores glândulas endócrinas do corpo. Ela é uma estrutura de dois lobos localizada no pescoço (em frente à traquéia) com 15-30 g, ao nível das vértebras C5 até T1 e é imediatamente inferior à laringe. Está recoberta por músculos do pescoço e pelas suas fáscias.
Sua principal função é a produção de hormônios, principalmente tiroxina (T4) e triiodotironina (T3), que regulam a taxa do metabolismo corporal e afetam o taxa funcional de muitos sistemas do corpo.
A produção destes hormônios é feita após estimulação das células da tireóide pelo hormônio da hipófise TSH (thyroid stimulating hormone) no recetor membranar do TSH, existente em cada célula folicular. As células intersticiais, células C, produzem calcitonina, um hormônio que leva à diminuição da concentração de cálcio no sangue (estimulando a formação óssea).O iodo é um componente essencial tanto do T3 quanto do T4.
O hipertireoidismo (tireóide muito ativa) e o hipotireoidismo (tireóide pouco ativa) são os problemas mais comuns da glândula tireóide.
Já se sabe a bastante tempo que as alterações da tireóide podem influenciar negativamente a fertilidade humana. Como essa glândula funciona regulando tudo o que ocorre no nosso corpo, quaisquer alterações podem levar a um desequilíbrio importante.
Tanto o hipotireoidismo quanto o hipertireodismo podem provocar dificuldades para engravidar.
Portanto, é fundamental o controle rigoroso dos níveis dos hormônios tireoidianos.
A alteração mais comum na mulher é o hipotireoidismo, que muitas vezes não é diagnosticado por apresentar poucos sintomas, caracterizando o chamado hipotireoidismo subclínico.
Sabe-se que grávidas com hipotireoidismo subclínico apresentam maior chance de desenvolver pressão alta e de ter abortamentos.
Estudos recentes, entre eles, um realizado na Universidade da Pennsylvania (Philadelphia – EUA) e publicado em março de 2012 na Fertility and Sterility, a publicação oficial da ASRM (Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva), demonstraram que pequenas alterações do TSH podem acontecer durante os ciclos de indução e estimulação ovariana (isto é, durante o uso dos hormônios que estimulam a produção de óvulos pelos ovários nos tratamentos de reprodução assistida, como: inseminação intra-uterina e fertilização in vitro) e que essas alterações podem diminuir a chance de sucesso nesses tratamentos e podem aumentar a taxa de complicações, como perdas precoces (abortamentos e trabalho de parto pré-termo), por exemplo.
Assim, esse estudo já abre uma porta para um controle mais preciso e rigoroso dos níveis dos hormônios tireoidianos (sobretudo o TSH), antes e durante os tratamentos de reprodução assistida e logicamente durante toda a gravidez.
Além disso, é importante uma avaliação dos níveis dos anticorpos anti-tireoideanos, que quando aumentados, provocam alterações na glândula tireóide que levarão a uma disfunção da mesma.
Já existem evidências que sugerem o tratamento hormonal da tireóide, somente pela presença elevada destes anticorpos, mesmo sem alteração da produção hormonal da mesma, isso em pacientes com dificuldade para engravidar e nas que estejam sendo submetidas a tratamentos de reprodução assistida.
Essas evidências indicam uma necessidade de controlar rigorosamente a produção hormonal da tireóide, seja antes de uma concepção, durante um tratamento de reprodução assistida ou durante a gravidez.