Em agosto de 2020 presenciamos uma discussão sobre o que é ser pai e quem deveria ser essa figura paterna invadir as redes sociais e espaços na mídia. O motivo do debate não estava relacionado somente à proximidade do dia dos pais, mas muito da discussão é alimentada pelo fato de Thammy, homem trans e que se tornou pai ano passado com a ajuda da medicina reprodutiva, ter sido convidado como um dos influenciadores digitais na campanha dos pais de uma marca de produtos cosméticos.
Essa quebra de paradigma conservadora tão enraizada na cultura de diversos países, o Brasil incluso, só mostra o quanto ainda é preciso ampliar os horizontes culturais.
A figura do pai não pode e nem deve ser limitada a uma crença ou uma tradição secular. Ser pai não é apenas quem gera ou quem tem o sistema reprodutor biologicamente capaz de gerar um novo ser. Sou especialista em reprodução humana e trabalhamos diariamente em nossa clínica para transformar o sonho de muitos casais femininos e homens trans em pais.
Essa é uma realidade da qual tenho orgulho de ajudar a se concretizar.
Também sou pai de um menino e uma menina e posso dizer, sem medo nenhum, que para mim, ser pai é ser uma pessoa no qual os meus filhos vão querer se espelhar, olhar com orgulho, querer replicar minhas atitudes. Ser pai também é ser regra, impor limites, mas ensinar que o mundo é muito mais amplo do que identidade de gênero, cor ou crenças. Ser pai é ser e ter responsabilidades.
Antes de julgar a partir de crenças, de tradições e ideias pré-concebidas, é preciso que façamos uma auto-análise.
Precisamos nos questionar qual o nosso papel como pai para nossos filhos? Você é um pai presente, consciente de suas responsabilidades e do papel que representa na vida dos seus filhos?
Está mais do que na hora de começarmos a entender que pai é quem dá amor, quem ensina, quem está presente e não só quem concebe.
Texto escrito pelo Dr. Daniel Diógenes. Especialista em Medicina Reprodutiva. Sócio-Diretor da Clínica Fertibaby Ceará.
