Nos últimos anos, atenção especial tem sido dada ao possível papel das células “natural killers” (do inglês, assassinas naturais) e seu papel na fertilidade humana, especificamente com relação à implantação embrionária. A esta área de estudo dá-se o nome de imunologia reprodutiva, ou seja, teorizasse que o sistema imunológico teria um papel crucial no estabelecimento de uma gravidez. As natural killers são células de defesa (linfócitos) que podem ser identificados no sangue periférico (sistema circulatório) e no endométrio, por exemplo.
A teoria sobre o papel do sistema imunológico é que essas células ativando nossa resposta imune poderiam afetar negativamente a implantação embrionária, seja em tentativas naturais ou em tratamentos de reprodução assistida, levando a perdas gestacionais recorrentes ou a falhas de implantação embrionária.
Porém, já existem teorias que propõe um efeito positivo e necessário dessas células na implantação embrionária, isto é, as natural killers estariam sim envolvidas no processo de implantação embrionária, mas de forma a ajudar e a serem vitais a esse processo, porém, uma desrregulação das mesmas para mais ou para menos seria a chave do problema.
Outro ponto, é que as natural killers do sangue são diferentes das natural killers uterinas, ou seja, dosar essas células em exames de sangue não reflete sua quantidade, presença ou tipo no endométrio. São células diferentes, portanto não podem ser comparadas e a dosagem das mesmas no sangue não quer dizer absolutamente nada do seu papel a nível endometrial. As células do sangue periférico não se alteram com a fase do ciclo menstrual e com a implantação, enquanto as natural killers uterinas apresentam essas variações, com um aumento na segunda fase do ciclo e na fase pré-implantacional, portanto as mesmas particioam ativamente das várias etapas de implantação. invasão trofoblástica (embrionária), placentação e desenvolvimento fetal e da própria gestação até cerca de 20 semanas.
Em resumo, pouco conhecemos, ainda, sobre essas células e seu real papel, mas uma coisa é certa, elas têm uma grande importância para a implantação embrionária e para a gestação, e ao que tudo indica não são tão vilãs como se achava até pouco tempo atrás.
Fonte: 1- Human Reproduction, Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia. Março 2018.
2- Panorama UIT – Updates in Infertility Treatment. Simpósio realizado em São Paulo, em 14/04/2018.
Texto escrito pelo Dr. Daniel Diógenes. Especialista em Medicina Reprodutiva. Diretor Técnico da Clínica Fertibaby Ceará.