Cirurgia realizada por robô ajuda a preservar capacidade sexual e tratamentos modernos preservam a fertilidade masculina.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê que até o final de 2018, 68.220 homens sejam diagnosticados com câncer de próstata, o segundo tumor mais comum nos brasileiros, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. A doença pode levar à infertilidade masculina. Isso ocorre porque a neoplasia e os possíveis tratamentos, como radioterapia, hormonioterapia e quimioterapia afetam a função das glândulas responsáveis por produzir compostos importantes do líquido seminal, assim como os testículos, órgãos que produzem os espermatozoides. Além da importância da detecção precoce do problema, por meio das visitas regulares ao urologista, a partir dos 40/45 anos e do exame de toque retal para aumentar as chances de cura da doença, há, também, a possibilidade de preservação da fertilidade em homens que ainda desejam ter filhos.
O Novembro Azul, campanha idealizada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, em parceria com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), é uma oportunidade importante para conscientizar a população masculina sobre a importância de cuidar da própria saúde de forma integral, além de incentivar a quebra dos paradigmas relacionados à ida do homem ao médico.
Até a década de 60, poucos homens sobreviviam ao diagnóstico e tratamento inicial de câncer. Atualmente, com os avanços dos tratamentos multimodais, regimes combinados de quimioterapia e radioterapia, mais de 80% destes pacientes conseguem obter a cura quando a doença é diagnosticada no início.
O que muitos homens ainda não sabem e o que ainda é pouco explorado pelos oncologistas é que o tratamento do câncer afeta diretamente a fertilidade masculina. Infelizmente, o aumento da sobrevivência e a melhora na qualidade de vida dos homens diagnosticados com a doença não têm sido acompanhados da diminuição dos efeitos nocivos decorrentes do tratamento sobre a fertilidade, mesmo sendo em adolescentes e adultos jovens.
Para os homens que precisam iniciar o tratamento oncológico e desejam ser pais futuramente, é necessária a realização da preservação da fertilidade, por meio do congelamento de amostras do sêmen nos laboratórios de criobiologia das clínicas de reprodução assistida, antes de que as seções de quimioterapia ou de radioterapia sejam iniciadas.
Congelamento de sêmen
A coleta é feita por meio da masturbação, ou através de técnicas como estimulação vibratória peniana, eletroejaculação retal, aspiração espermática do epidídimo e extração espermática testicular, indicadas para pacientes com diagnóstico de oligo ou azoospermia.
Após a coleta, a amostra de sêmen deve ser congelada o mais rápido possível para preservar as condições de qualidade. No laboratório, o sêmen é preservado em meios líquidos e substâncias crioprotetoras em frascos especiais, rotulados com os dados do paciente e, em seguida, armazenados em tanques de nitrogênio líquido, que preservam as amostras por tempo indeterminado em temperaturas de 196 graus Celsius negativos para uso posterior.
Dessa forma, é importante saber que a gravidez, após o tratamento do câncer de próstata, é possível e é mais fácil quando planejada antes do início do tratamento.
Fonte: SBU (Sociedade Brasileira de Urologia). Novembro de 2018.
Texto escrito pelo Dr. Daniel Diógenes. Especialista em Medicina Reprodutiva. Sócio-Diretor da Clínica Fertibaby Ceará.