A Organização Mundial de Saúde (OMS), a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva e mais recentemente a Associação Médica Americana têm reconhecido, firmemente, a infertilidade como um problema de saúde, como uma doença. Apesar de ser algo aparentemente óbvio para os profissinais e pacientes envolvidos em medicina reprodutiva, isto não é, ainda, encarado como tal pela maioria das pessoas, profissionais de saúde e organizações mundiais de saúde.
Um boa parte dos casais que enfretam problemas para engravidar, o fazem devido ao fato de terem adiado a busca pela gravidez. Está claro, nos dias atuais, que as técnicas de medicina reprodutiva não conseguem superar os efeitos negativos da idade sobre a fertilidade, sobretudo em mulheres. A reserva de óvulos cai rapidamente após os 35 anos e isso é irreversível.
O congelamento eletivo de óvulos em idade precoce, antes da queda acentuada da fertilidade, é uma prática comum e que deve sempre ser pensada e incentivada. Os danos causados ao óvulo pelo envelhecimento tornam esse tipo de infertilidade uma causa muito difícil de ser superada.
O sucesso de um congelamento de óvulos depende sobretudo da idade em que o mesmo foi realizado, além do número de óvulos congelados, quanto mais jovem for a mulher e quanto maior o número de óvulos, maiores serão as chances futuras de se atingir uma gravidez.
Pesquisas recentes têm demonstrado taxas similares de gravidez, quando se comparam o uso de óvulos congelados com o uso de óvulos frescos (que não foram congelados previamente), além disso, parece haver uma alto grau de satisfação por parte das pacientes que realizam eletivamente o congelamento. Este fator está, diretamente, ligado a um maior número de óvulos congelados.
É importante frisar que, apesar de todos os avanços tecnológicos, o fato de congelar óvulos não é uma garantia total e futura de gravidez, é preciso ficar claro que esse congelamento dará no futuro chances muito maiores de gravidez e muito menores de mal-formações embrionárias, devido a idade, mas que isso não garante 100% uma gravidez.
É preciso, sim, que haja um insentivo à preservação da fertilidade, sobretudo feminina e isso deve acontecer desde cedo. Deve que ser algo cultural e ensinado desde a adolescência.
O congelamento de óvulos veio para ficar e mudar paradigmas, é mais uma forma de independência conquistada pelas mulheres e sempre deve ser levado em consideração quando se pensa em adiar a gravidez para além dos 35 anos.
Preservar a fertilidade é fundamental.
Fonte: Fertility and Sterility (Revista da ASRM – Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva), maio de 2018. Publication stage: In Press Corrected Proof. Published online: May 25, 2018
Texto escrito pelo Dr. Daniel Diógenes. Médico Especialista em Medicina Reprodutiva e Diretor Técnico da Clínica Fertibaby Ceará.