Atividade física e o impacto na saúde reprodutiva

Um dos temas mais discutidos no 40º Congresso Europeu de Reprodução Humana, realizado entre os dias 7 e 10 de julho, em Amsterdã, na Holanda, foi o impacto da atividade física, ou a falta dela, na saúde reprodutiva. Relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram um aumento de casos de infertilidade no mundo. O levantamento de 2023 revela que 17,5% da população mundial sofre com essa condição. Uma em cada seis pessoas no planeta enfrenta esse problema, e os hábitos da vida moderna impactam diretamente no aumento da infertilidade.

Um dos maiores vilões da infertilidade é o sedentarismo. A falta de exercícios físicos contribui para o ganho de peso e aumenta a suscetibilidade a doenças crônicas como diabetes e hipertensão. Além disso, a ausência de atividade física reduz a liberação de substâncias benéficas para o sistema imunológico.

A falta de prática de exercícios leva ao acúmulo de gordura, contribuindo para o aumento do mau colesterol. Isso provoca um desequilíbrio metabólico e hormonal. Nas mulheres, essa oscilação pode causar descontrole no ciclo menstrual, interferindo na ovulação. Se os óvulos não estão saudáveis, consequentemente as chances de gravidez diminuem. Nos homens, o excesso de peso, altas taxas de colesterol e consumo elevado de açúcar podem afetar negativamente a qualidade do sêmen.

O aumento do colesterol ruim (LDL) pode levar à obesidade. A literatura médica já comprovou que essa predisposição ao aumento de peso pode também contribuir para que a criança desenvolva sobrepeso na infância e na adolescência, fenômeno que chamamos de epigenética, onde modificações químicas no DNA podem interferir na saúde dos filhos.

Os benefícios que a prática regular de atividade física traz para a nossa saúde são inúmeros, especialmente para casais, mulheres e homens que desejam ter filhos. Colocar o hábito de se exercitar na rotina não é um sacrifício, mas sim uma prevenção de inúmeras doenças que podem surgir ao longo da vida, além de melhorar a qualidade do sono, reduzir o estresse e a ansiedade, e ainda melhorar a autoestima. Tudo isso contribui para um ambiente corporal e mental mais propício para a fertilidade.

Daniel Diógenes é ginecologista e especialista em medicina reprodutiva

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