Que o excesso de peso afeta a fertilidade, disso não temos dúvidas. Que parece diminuir as taxas de sucesso em tratamentos de medicina reprodutiva, parece, também, algo comprovado.
Baseado nessas premissas, pesquisadores brasileiros do Instituto Sapience e do Fertility Medical Group realizaram uma pesquisa sobre os efeitos ruins do excesso de peso nos resultados de FIV (Fertilização in Vitro).
Foram avaliados o IMC (Índice de Massa Corporal), a circunferência da cintura, a relação cintura-quadril e a relação cintura-altura. Esses índices foram comparados com a resposta ovariana ao estímulo hormonal nos ciclos de FIV, com a qualidade seminal e com os resultados finais da FIV. Foram estudados 402 casais de 2010 a 2016. Os seguintes achados demonstraram as dificuldades que foram encontradas devido ao excesso de peso:
1- Quanto maior o peso da mulher maior a dose de medicações para estimular os ovários, consequentemente, maior o custo do tratamento.
2- Quanto maior a cintura e a relação cintura-quadril da mulher menor o número de óvulos maduros coletados.
3- Quanto maior o peso da mulher menor o número de óvulos coletados.
4- Quanto maior o peso do homem pior o volume e concentração seminal e movimentação dos espermatozoides.
5- Homens com menor IMC tiveram mais embriões em desenvolvimento, maiores taxas de implantação embrionária e de gravidez.
6- Casais com maior IMC tiveram menos embriões e menores taxas de implantação embrionária e gravidez.
7- Não houveram diferenças nas taxas de gravidez e abortamento quando somente a mulher apresentou IMC acima do normal.
Esses dados demonstram que o peso adequado, assim como todas as medidas antropométricas dentro da normalidade têm um efeito de proteção sobre a fertilidade e que mesmo recorrendo a técnicas de medicina reprodutiva, o casal poderá ter mais dificuldades em engravidar se estiver acima do peso. Devemos nos conscientizar que o excesso de peso não é, definitivamente, um ponto favorável à nossa fertilidade.
Fonte: Journal of Assisted Reproduction and Genetics. Outubro de 2018.
Texto escrito por Daniel Diógenes. Médico Especialista em Medicina Reprodutiva. Sócio-Diretor da Clínica Fertibaby Ceará.