Mitos e Verdades sobre Fertilidade: Conheça as Dúvidas mais Frequentes dos Casais que Planejam ter um Filho

mito ou verdade 1

Quando um casal começa a planejar ter um filho, geralmente muitas dúvidas vem à tona. Muitas vezes são divulgadas informações equivocadas, baseadas em achismos e crendices que podem atrapalhar mais do que contribuir. Abaixo seguem algumas dessas muitas dúvidas:

1 – Tomar anticoncepcional durante muito tempo torna a mulher infértil? 

Mito – As evidências atuais mostram que, por mais prolongado que seja o uso de qualquer tipo de anticoncepcional hormonal, oral, transdérmico, vaginal, injetável, implante ou DIU, não existe uma interferência na fertilidade. Da mesma forma o uso contínuo, sem menstruação não interferem na fertilidade. Entretanto, usos prolongados de anticoncepcionais de depósito, como o trimestral injetável, podem induzir a um retorno mais demorado da ovulação e, assim, a uma demora maior no retorno à fertilidade, mas sem diminuí-la.

2 – Mulheres que já sofreram abortos têm mais problemas para engravidar?

Parcialmente Verdade – Nos casos de abortamentos únicos ou até duas perdas, as chances de uma nova gravidez não se alteram. Somente após três perdas, o chamado abortamento de repetição, é que há um risco maior. Neste caso, é necessária uma investigação para detecção de doenças, como as trombofilias, embora a maior parte dos abortamentos de repetição não tenham uma causa identificável.

3 – Quem teve doença sexualmente transmissível (DST) pode ser infértil?

Verdade – Algumas DSTs, como a clamídia, a gonorreia e o HPV, podem causar infertilidade. Alterando a produção e a movimentação de espermatozoides e provocando inflamações em útero e trompas, podendo levar a obstrução das mesmas, o que impediria completamente uma gravidez natural, além de aumentarem o risco de abortos

4-Mulheres com ovários micropolicísticos não podem engravidar?

Mito – A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma alteração endócrina muito comum que atinge cerca de 7% das mulheres em idade reprodutiva. Caracteriza-se pela ausência de ovulação, combinada com sinais de excesso de hormônios masculinos, como: acne e excesso de pêlos. Se diagnosticada corretamente e for bem controlada, permite uma concepção natural ou com ajuda de tratamentos simples, como a indução da ovulação.

5- Ter relações sexuais diariamente enfraquece o espermatozoide?

Mito – A recomendação é manter uma frequência sexual diária ou, pelo menos, a cada dois dias, sobretudo durante o período do meio do ciclo, quando ocorre a ovulação. Os estudos têm demonstrado que relações diárias não diminuem a qualidade seminal e que até aumentam a concentração de espermatozoides em homens que têm um número reduzido. Portanto, quanto maior a frequência sexual, maiores as chances de uma gravidez espontânea.

6- Todo tratamento para engravidar resultará em gêmeos?

Mito – Embora as chances sejam maiores, devido ao fato de se estimular o amadurecimento de mais óvulos e de em geral, se colocar mais de um embrião no útero, os procedimentos não garantem a gestação de gêmeos. Pelo contrário, hoje, o objetivo é sempre buscar o embrião perfeito e reduzir ao máximo as chances gemelaridade. As taxas de gemelaridade dupla giram em torno de 25%, em ciclos de fertilização in vitro. Em inseminações essas taxas são menores ainda.

7- É possível escolher o sexo e as características do bebê ao realizar um tratamento de reprodução assistida?

Parcialmente verdade – O PGT (Teste Genético Pré-Implantacional), permite a identificação de alterações genéticas em cromossomos ou genes e pode identificar se o embrião é masculino ou feminino. Porém, a lei brasileira não permite o uso desta técnica com o intuito de escolher o sexo do bebê. Ela deve ser usada somente na detecção de problemas genéticos que possam passar dos pais para os filhos. Além disso, esta técnica não é capaz ainda de definir, por exemplo, cor dos olhos, cabelos. Desta forma, o PGT não oferece 100% de segurança com relação ao embrião perfeito geneticamente.

8- Mesmo em idade avançada, qualquer mulher pode engravidar, visto que é só realizar um tratamento de reprodução assistida?

Mito – A idade avançada é a maior causa de infertilidade mundial. Após os 35 anos, a fertilidade da mulher começa a cair muito rapidamente e, após os 40 anos, ela despenca ainda mais. Mesmo a fertilização in vitro (FIV), técnica mais avançada existente, não é capaz de superar os efeitos ruins do envelhecimento de óvulos e de espermatozoides, já que para se ter um bom embrião são precisos bons e jovens óvulos e espermatozoides.

Fonte: ASRM (Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva) e ESHRE (Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia). Outubro de 2018.

Texto escrito pelo Dr. Daniel Diógenes. Especialista em Medicina Reprodutiva. Sócio-Diretor da Clínica Fertibaby Ceará.

 

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