Estamos preparados para congelar sempre?

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Cada vez mais evidências sugerem que transferir embriões congelados após um ciclo de fertilização in vitro, parece ser uma alternativa boa e que no mínimo traria os mesmos resultados da transferência a fresco (embriões antes do congelamento).
Mais e mais estudos vem tentando demonstrar que essa nova abordagem é segura e eficaz.
Seria uma ótima alternativa para se evitar, por exemplo, casos de síndrome de hiperestímulo ovariano e de gemelaridade.
Mas será que estamos preparados para usar esse artifício de maneira rotineira? Se levarmos em consideração o fato que este tipo de transferência parece permitir ao embrião um ambiente endometrial mais receptivo, com um nível hormonal mais adequado e sem toda a elevação dos hormônios típica dos ciclos de fertilização in vitro, a resposta é sim, estamos prontos a mudar toda uma rotina dos tratamentos e do laboratório de reprodução assistida. Entretanto grandes dúvidas ainda existem. Se devemos e podemos, então como fazer isso da melhor forma e elevando as taxas de sucesso nos tratamentos de reprodução assistida? Várias questões ainda estão em aberto.
Não existem, ainda, evidências fortes que nós permitam saber o melhor momento do embrião para o seu congelamento, nem a melhor técnica de congelamento e nem que efeitos a criopreservação poderia trazer ao embrião. Embora essa nova estratégia seja real, atual e promissora, é difícil dizer se realmente iremos fazer sempre assim num futuro próximo.
Repetindo a pergunta novamente.  Estamos preparados pra congelar sempre? Eu diria que, ainda, não. Precisamos individualizar cada caso, pesar os fatores positivos e negativos e decidir a melhor opção especificamente para cada caso, pois cada endométrio reflete uma paciente e cada paciente é um ser único e portanto ímpar. Assim, não podemos tratar todos da mesma forma.
É preciso que novos estudos controlados e randomizados comprovem em definitivo que o congelamento total é seguro e eficaz.  É preciso ter calma, por mais que estejamos tentados e encantados com essa nova estratégia.
Congelar parece ser um detalhe importante para dar ao embrião o melhor momento para sua implantação no endométrio, mas precisamos ainda de dados mais fortes que nos permitam incorporar definitivamente o congelamento embrionário total como uma rotina do dia-a-dia de um laboratório de reprodução assistida. Afinal de contas, quanto maior a receptividade do endométrio maiores as chances de um bom embrião implantar e resultar numa gravidez segura.

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