Com a difusão das técnicas de congelamento rápido (vitrificação), em substituição ao congelamento lento, obtivemos um enorme ganho nas taxas de sobrevivência após descongelamento de óvulos, espermatozoides e embriões. Com isso surgiu uma nova perspectiva: realizar ciclos de fertilização in vitro em dois tempos, ou seja, sempre transferir embriões após o ciclo de estimulação ovariana. Desta forma, teoriza-se que tenhamos um ambiente endometrial mais favorável e com menos influência hormonal e portanto, mais próximo do natural, conseguentemente melhor.
Nos últimos anos, muito tem se falado sobre este assunto, porém é preciso analisar com cuidado os dados científicos e ter cautela antes de adotar o “freeze all” (congelamento sempre) como rotina. Vamos aos principais pontos de questionamento:
Dados Positivos:
Possibilita maior chance de transferência única, já que podemos congelar sem medo de perder a qualidade.
Minimiza o risco de gemelaridade.
Minimiza o risco de SHO (síndrome de hiperestímulo ovariano), já que não é preciso transferir no mesmo ciclo de estimulação ovariana.
Parece levar a um maior peso ao nascimento, o que seria melhor para o recém-nascido.
Parece levar a menores riscos de sangramento durante a gravidez, por uma melhor interação embrião – endométrio.
Dado Negativos:
Não existe uma grande quantidade de pesquisas de boa qualidade que justifiquem o uso rotineiro do “freeze all”.
Vários estudos demonstraram taxas iguais quando compararam transferência a fresco versus transferência de embriões congelados.
Em geral, as pacientes que são selecionadas para o congelamento são pacientes de melhor prognóstico, levando a um viés enorme (falha na avaliação dos dados científicos de uma pesquisa).
Não se sabe, ainda, qual o melhor estágio para se congelar o embrião.